domingo, dezembro 07, 2008

H

Um poema de meio verso:
horas em que, submerso,
afundo os olhos no dicionário
a procurar sua definição.
Há pouco de sua letra nele dedicado...
há pouco significado
sem sua significação.

Tanta coisa
que a letra muda não saberia dizer.
Fecho a capa
e a contra-capa;
dou com os olhos no seu nome:
título do poema,
o lexema,
o átomo do meu sentimento.

Um poema de meio verso,
já são dois os dias:
escrevo, apago, rimo;
creio, escravo, riso...
Faço porque gosto.
Gosto porque iludo
e monto os cacos
desfeitos
feito criador:
- assim te faço,
criatura!
Seja feito à tua vontade,
ó deus que não vejo.
Explica de uma só vez
a este réu condenado
que do ser por mim criado
existe um eu aprisionado!
E diz como faço,
diz como posso
falar sua língua.
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desenterrei o baú.